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26 de Abril de 2024

Advogados de Lula sustentam na ONU violações de direitos humanos por Moro

A defesa afirma que, em consequência, o juiz Federal perdeu imparcialidade para julgar o ex-presidente.

há 8 anos

Os advogados do ex-presidente Lula protocolaram nesta quinta-feira, 28, uma petição no Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genébra, listando o que consideram violações ao Pacto de Direitos Políticos e Civis adotado pela ONU praticadas pelo juiz Sérgio Moro e pelos procuradores da operação Lava Jato contra Lula.

O documento foi subscrito pelo escritório Teixeira, Martins & Advogados e pelo advogado Geoffrey Robertson (Queen’s Counsel), um dos maiores especialistas no mundo na defesa dos Direitos Humanos e membro do escritório londrino Doughty Street Chambers.

De acordo com a defesa, Lula não se opõe a qualquer investigação, desde que realizada com a observância da lei e das garantias constitucionais e, ainda, daquelas previstas nos Tratados Internacionais subscritos pelo Brasil. A ação pede ao Conselho que se pronuncie sobre as supostas arbitrariedades praticadas pelo magistrado contra Lula, seus familiares, colaboradores e advogados.

As evidências apresentadas na ação se reportam, dentre outras coisas:

  • à privação da liberdade por cerca de 6 horas imposta a Lula em 4/3/16, por meio de uma condução coercitiva sem qualquer previsão legal;

  • ao vazamento de materiais confidenciais para a imprensa e à divulgação de ligações interceptadas;

  • a diversas medidas cautelares autorizadas injustificadamente; e,

  • ao fato de Moro haver assumido em documento enviado ao STF em 29/3/16 o papel de acusador, imputando crime a Lula por doze vezes, além de antecipar juízo de valor.

A ação cita precedentes da Comissão de Direitos Humanos da ONU e de outras Cortes Internacionais, para argumentar que, de acordo com a lei internacional, o juiz Federal, por já haver cometido uma série de ações ilegais contra Lula, seus familiares, colaboradores e advogados, perdeu de forma irreparável sua imparcialidade para julgar o ex-presidente.

O Brasil assinou em 2009 o protocolo de adesão ao Conselho Nacional de Direitos Humanos. O órgão é composto por 18 juristas de diferentes países, dentre estes França, Itália, Reino Unido, Alemanha, Argentina e EUA.

Para Cristiano Zanin Martins, advogado de Lula:

Ações contra a corrupção, em especial corrupção política, são de importância vital para a democracia. Mas devem ser efetivas e dentro da lei para serem dignas de orgulho, e não arbitrárias e ilegais, o que acabará causando vergonha no futuro. O perigo do Juiz Moro é que suas ações injustas e sem a observância da lei são contra-produtivas e causarão danos ao combate à corrupção. Procuramos o Conselho da ONU para que sua manifestação sirva de guia para os direitos fundamentais que nossa Constituição exige que sejam observados por juízes e promotores."

Geoffrey Robertson considera que “Lula trouxe seu caso para a ONU porque não é possível haver justiça no Brasil dentro de um sistema como esse. Telefones grampeados, como de sua família e advogados e os textos e áudios vazados para o deleite de uma mídia politicamente hostil. O mesmo juiz que invade sua privacidade pode prendê-lo a qualquer momento, e daí automaticamente se torna a pessoa que irá julgá-lo, decidindo se é culpado ou inocente, sem um júri. Nenhum juiz na Inglaterra ou na Europa poderia agir dessa forma, atuando ao mesmo tempo como promotor e juiz. Esta é uma grande falha no sistema penal brasileiro”.

Em defesa do juiz Federal Sérgio Moro, a AMB divulgou nota defendendo a autonomia dos magistrados. Veja abaixo na íntegra.

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AMB repudia representação de Lula à ONU contra Moro e defende autonomia dos juízes brasileiros A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) manifesta repúdio à petição encaminhada pelo ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) na qual denuncia o juiz Sérgio Moro e os procuradores da República que atuam na Operação Lava Jato por" falta de imparcialidade "e"abuso de poder.” Para a entidade, a Corte Internacional não deve ser utilizada para constranger o andamento de quaisquer investigações em curso no País e, principalmente, aquelas que têm como prioridade o combate à corrupção. A AMB vê com perplexidade as diversas tentativas de paralisar o trabalho da Justiça brasileira. O Brasil possui órgãos constituídos de controle interno e externo para acompanhar o trabalho desempenhado pela magistratura. É inadmissível a utilização de quaisquer outros meios, que não os legais e constitucionalmente estabelecidos, para tentar inibir o trabalho de agentes públicos no desempenho de suas funções. A AMB reitera sua preocupação, externada em diversas oportunidades, frente às manobras para intimidar a atividade desempenhada pelos juízes brasileiros. O juiz Sérgio Moro é exemplo e tem sido alvo recorrente de grande pressão por sua importante atuação na Operação Lava Jato. O fato reforça a relevância da imediata rejeição ao Projeto de Lei do Senado 280/2016 que tipifica como crime por abuso de autoridade diversos atos comuns no curso de investigações. Para a AMB o texto é uma clara tentativa de amordaçar a magistratura brasileira. Nas entrelinhas, o projeto prevê uma série de penalidades para tentar paralisar juízes e juízas, além de procuradores e policias, por desempenharem o seu ofício como determina a legislação. Tal texto, se já estivesse consolidado em lei, jamais tornaria possível uma operação investigativa como a Lava Jato. O País e toda a sociedade precisam estar atentos aos ataques contra o Poder Judiciário, para que tal absurdo não avance no Congresso Nacional, com o único objetivo de favorecer investigados e envolvidos em grandes casos de corrupção. Por fim, a AMB destaca a importância de um Judiciário forte e independente e alerta que qualquer movimento contrário será um retrocesso contra a transparência e a resposta que o povo brasileiro espera no combate à corrupção.

Associação dos Magistrados Brasileiros

Fonte: Migalhas

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O desespero leva seus donos a atos tresloucados como esse. Lula tem possibilidade de se queixar na ONU contra uma suposta violação a seus supostos direitos humanos. O mesmo não é dado aos doentes que esperam atendimento em macas nos hospitais públicos sem leitos, aos presidiários que se amontam nas prisões superlotadas e aos quase doze milhões de desempregados por obra do legado petista. Estes não têm acesso a organismos internacionais para denunciar o despeito a seus direitos humanos, até porque aqui, no Brasil, pouco adianta reclamar. A defesa do ex-presidente e de sua sucessora afastada ainda tem o desplante de advogar a tese de que eles não têm culpa pelo descalabro nacional, já que não se encontram nele as suas impressões digitais. Convenham, amigos, por essa tese Hitler mereceria ser inocentado, já que não se tem notícia de que ele tenha acionado pessoalmente a torneira de nenhuma câmara de gás para executar judeus em campos de concentração nazistas.

A verdade que deve ser dita na ONU é, por conseguinte, a de que o país faliu e com ele a ideia da inclusão social de milhões de miseráveis, graças à roubalheira aprimorada e incentivada pelo partido do ex-presidente agora chorão. continuar lendo